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(pt) Italy, Sicilia Libertaria #462 - AS RESERVAS SICILIANAS EM CHAMAS (ca, de, en, it, tr)[traduccion automatica]

Date Wed, 22 Oct 2025 08:42:36 +0300


O sinal é inequívoco. O ataque direcionado e cuidadosamente planejado neste verão às principais e mais sensíveis áreas protegidas da Sicília tem um significado político que vai muito além do mero dado criminal. Não se incendeiam impunemente a reserva de Zingaro, a de Capodarso, o monte Cofano, os sobreirais de Santo Pietro e de Niscemi, os oásis de Torre Salsa e de Vendicari, a Cava Grande do Cassibile e parcelas consistentes do Parque do Etna sem ofender e atingir, além do património natural inestimável que conservam, aquilo que representam: o fruto de anos de mobilizações de base para arrancá-las à especulação e à renda privada, ao imobilismo público, à degradação interessada, para protegê-las, valorizá-las e entregá-las - enquanto bem comum e gratuito - à coletividade.

Zingaro, em particular, é o emblema de uma luta dura e participada, culminada na grande marcha popular de 18 de maio de 1980 que, interrompendo a construção da estrada costeira e as especulações imobiliárias a ela ligadas, obrigou a Região Siciliana a instituir ali a primeira reserva natural siciliana.

Justamente em 18 de maio deste ano celebraram-se os 45 anos daquele evento, com uma marcha evocativa e várias outras manifestações, incluindo o transporte para a reserva das cinzas de Franco Russo, pioneiro do ambientalismo siciliano, falecido poucos dias antes. «Cinza sobre cinza», dir-se-ia hoje, quando da vegetação (mas também dos animais) presentes na reserva praticamente nada restou: nos dias 25 e 26 de julho passados foi-lhe ateado fogo a partir de uma dezena de pontos de ignição, em horário vespertino e com forte vento de siroco, destruindo completamente 1300 dos 1600 hectares que, segundo especialistas, dificilmente poderão ser recolonizados pela biodiversidade, pelos endemismos e pelas espécies raras que os caracterizavam.

Há quem impute a responsabilidade dos incêndios a grupos criminosos e empresariais presentes no território e que há décadas se repartem, sem ser incomodados, as áreas limítrofes à reserva, instalando centenas de chalés clandestinos, mega aldeamentos turísticos e pedreiras de mármore devastadoras. A bem dizer, se a de 18 de maio de 1980 foi sem dúvida a vitória de um movimento nascido de baixo para a defesa do ambiente natural siciliano, logo foi ofuscada pelo pacto infame com personagens equívocos firmado pelas administrações locais para a exploração dos territórios circundantes. Estes não teriam interesse particular em atrair atenção sobre os seus tráficos a menos que... os políticos de referência lhes garantissem algum retorno: mediante, por exemplo, a redução da extensão e do número de reservas existentes, a sua re-delimitação - regularizando os edifícios clandestinos -, a liberalização dos acessos (especialmente para caçadores) e das licenças turísticas, a privatização dos solos residuais de verde. Tudo isto consta dos programas do nosso centro-direita.

O procurador de Trapani, que por dever de ofício abriu um inquérito que acabará em nada - como outros no passado (não surpreende: em matéria de incêndios, esta é a regra em toda parte) -, nem sequer tenta imaginar que por trás dos incêndios possam estar especuladores e mafiosos; antes, supõe que sejam responsáveis improváveis inexperientes que contrariaram as prescrições do prefeito e as portarias dos autarcas, os quais por sua vez teriam sido incapazes de fazer cumprir as proibições; enquanto a propagação das chamas teria sido favorecida pela inércia do ente gestor da reserva - a Florestal -, acusada explicitamente de incúria e de falta de manutenção.

Do outro lado da Ilha, também o sobreiral de Niscemi - cuja salvaguarda mobilizou tanto o movimento «No Muos» - foi nestes dias reduzido a uma paisagem espectral de esqueletos fumegantes. O ridículo atinge aqui o seu auge porque os garantes da segurança do sobreiral eram os próprios militares norte-americanos que o invadiram e em parte o comprometeram com as suas antenas de morte. Tratava-se, como reiterado no comunicado de convocatória da manifestação realizada em 2 de agosto na contrada Ulmo, «de uma das áreas naturalísticas mais vigiadas e controladas» da Itália! E, no entanto, ardeu. Provavelmente, por trás deste aparente paradoxo, esconde-se uma vontade precisa: livrar-se de uma vez por todas do sobreiral, presença incômoda que objetivamente tem obstaculizado - e ainda obstaculiza - as «mãos livres» que os americanos desejariam ter naquele território e que forças políticas e sociais, nacionais e locais, há muito intentam conceder-lhes.

«O incêndio do sobreiral desenvolveu-se em 24 de julho, em plena temporada» - recorda o comunicado do «No Muos» - «não em abril ou maio, quando ainda não se haviam tomado as devidas medidas de precaução. Quais são as intervenções de cuidado e defesa do território e das florestas levadas a cabo pela Florestal e pelo Município? Por que não funcionaram? Quem está calando a verdade?»

Em Niscemi como em Zingaro, os principais bodes expiatórios continuam a ser os trabalhadores florestais. Pouco importa se estes devem aos politiquetes regionais o seu número exíguo, as ineficiências, a burocratização, tê-los deixado sem meios aéreos de combate (apenas dois Canadeir disponíveis em toda a Ilha!), terem-se encontrado estranhamente distraídos no momento em que os incêndios rebentaram (apesar de já terem ocorrido «fogos de aviso» em anos anteriores) ou terem sido reduzidos a exigir um odioso pedágio na entrada para lhes permitir - como reza um folheto turístico - «desenvolver adequadamente o trabalho de tutela da reserva e de prevenção, além da extinção de incêndios» (sic!)

A acusação aos florestais serve para encobrir a verdadeira matriz - política - dos incêndios deste verão nas reservas sicilianas. É evidente que são obra de personagens e grupos que nutrem profundo ódio pelas políticas ambientalistas, que nas reservas (indígenas, dir-se-ia) encontraram nestes anos o seu último refúgio, ou então de expoentes da criminalidade mais ou menos organizada inspirados e talvez impelidos a interpretar brutalmente, à sua maneira, a mensagem «negacionista» das mudanças climáticas difundida pela direita no poder na Sicília e no resto da Itália.

«Amigos» da direita meloniana, esta gentalha vil exercita-se impunemente em violentar e reduzir a cinzas os santuários da natureza siciliana. Deve ser combatida politicamente e sem meias-medidas - não delegando a luta a organismos coniventes ou propositadamente esvaziados, mas organizando grupos de intervenção autónomos e independentes do Estado, que retomem a iniciativa ambientalista nos territórios com um programa o mais radical possível: multiplicar os bens comuns a proteger, também nas cidades; restaurar o estado dos locais desfigurados pelo clandestinismo e pelo abandono; alargar e exportar para fora o regime de tutela que vigora (deveria vigorar) nas reservas; instituir novas (em Zingaro, por exemplo, a área marinha que se planeava restabelecer na véspera do incêndio); denunciar abertamente a má-fé que se esconde por trás do «negacionismo» dos governos de direita.

Natale Musarra

https://www.sicilialibertaria.it/
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