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(pt) Brazil, OSL: 8M do Brasil a Gaza: a luta e resistência das mulheres é internacional (ca, de, en, it, tr)[traduccion automatica]
Date
Fri, 22 Mar 2024 09:31:03 +0200
No mundo todo, as mulheres têm escolhido as ruas como o espaço para
marcar a memória, a resistência e a luta simbolizadas no 8 de Março.
Frente ao acirramento das desigualdades sociais, ao avanço da extrema
direita em diversos países e dos ataques a direitos já conquistados,
ocupar as ruas, hoje, continua a ser uma urgência para resistir aos
ataques, manter conquistas e fazer avançar a transformação social. Seja
nas periferias e favelas brasileiras, onde mulheres negras lutam
diariamente contra a violência policial e pela sobrevivência de si
mesmas e dos filhos e companheiros, ou nas aldeias, onde mulheres
indígenas defendem suas vidas e seus territórios; seja na América
Latina, onde argentinas defendem a conquista da legalização do aborto e
os direitos sociais da população mais pobre e as chilenas brigam pela
manutenção do aborto (em casos previstos em lei) na Constituinte; seja
nas montanhas do México, onde as zapatistas mantêm a resistência do
território zapatista livre; seja em Gaza, onde as Palestinas resistem ao
genocídio e defendem a libertação do povo palestino. Elas dizem basta!
A PRECARIZAÇÃO DA VIDA SEGUE AUMENTANDO O LUCRO DOS CAPITALISTAS
Enquanto a fortuna dos cinco homens mais ricos do mundo dobrou nos
últimos 4 anos, em torno de 5 bilhões de pessoas empobreciam ainda mais.
Desde 2020, as riquezas dos cinco bilionários brasileiros aumentaram em
51%, enquanto 129 milhões de brasileiros ficaram mais pobres, segundo a
Oxfam. Essa pobreza recai sobre os ombros das mulheres, já que mais da
metade dos lares brasileiros são chefiados por elas - e, mesmo onde não
chefiam, têm papel fundamental na economia das famílias, sobrecarregadas
com trabalhos muitas vezes invisibilizados, como as tarefas domésticas e
o cuidado de crianças e idosos.
Cenário ainda mais grave é visto em países vizinhos, como na Argentina,
que sofre uma crise econômica aguda, onde a pobreza atingiu o maior
patamar em 20 anos. O recém-empossado governo de Javier Milei sinaliza o
aprofundamento das políticas neoliberais no continente. Além das medidas
econômicas que vão recair sobre a classe trabalhadora, o governo de
Milei pretende revogar a legalização do aborto no país, conquistada
depois de forte mobilização das mulheres argentinas.
Já no Brasil, o governo de frente ampla de Lula e Alckmin tem comprovado
os limites da conciliação de classes. A Nova Regra Fiscal atrela o
orçamento a metas fiscais, o que impacta nos serviços públicos, como
políticas públicas para proteção das mulheres. Vale lembrar que os
investimentos nessas políticas já haviam sido reduzidos no governo
Bolsonaro, e não há perspectiva para a melhora desse cenário, o que
deixa vulnerável a situação das mulheres mais pobres. Segundo o Dieese,
cerca de 40% das mulheres que trabalham recebem até um salário mínimo
(entre negras, o índice chega à metade), muitas delas sem acesso a
direitos e benefícios trabalhistas e previdenciários.
Em 2023, foi aprovada a Lei n° 1.085/2023, que trata da igualdade
salarial entre homens e mulheres e critérios de remuneração. A lei
dispõe apenas sobre o salário, e não sobre as remunerações como um todo.
Além disso, reforçamos que muito da desigualdade não será resolvido por
leis, mas com mudanças sistêmicas. Assim, funções que são desempenhadas
majoritariamente por mulheres continuam com salários mais baixos, como
nos casos das empresas terceirizadas de limpeza, das trabalhadoras
domésticas ou de setores como saúde e educação.
OS ATAQUES E RETROCESSOS SEGUEM COM FORÇA NA POLÍTICA DE CONCILIAÇÃO DE
CLASSES
Além dos limites das políticas institucionais, a direita e a extrema
direita têm atuado para impulsionar ideias e projetos que retrocedem
direitos das mulheres, de povos indígenas e LGBTs e da classe
trabalhadora como um todo. A disputa do Congresso com o STF e a
aprovação do Marco Temporal demarcaram o poder da direita, ao mesmo
tempo que persiste a violência e a miséria no território Yanomami. A
cruzada também se dá contra a possibilidade da legalização do aborto,
com debate iniciado no STF, e ataques a direitos reprodutivos já
conquistados, como aconteceu recentemente em São Paulo, com o fim do
serviço de aborto legal em um hospital municipal de referência no
procedimento.
Conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023, referente a
dados de 2022, todos os indicadores de violência doméstica cresceram; os
feminicídios tiveram aumento de 6,1% e as tentativas de feminicídios
cresceram 16,9%; o país registrou o maior número de estupros da
história, com um aumento de 8,2%, sendo as vítimas mulheres, crianças e
adolescentes. As mulheres negras são a maior parte das vítimas. O Brasil
é um dos países com maior índice de violência contra a mulher e
feminicídios do mundo. Para as mulheres trans, é uma realidade
assustadora: segundo os dados do "Dossiê: Assassinatos e violências
contra travestis e transexuais brasileiras", da Antra, o Brasil continua
a ser o país que mais assassinou pessoas trans pelo 14º ano consecutivo.
A violência policial também afeta profundamente a vida das mulheres nas
regiões periféricas. Elas estão na linha de frente das denúncias das
torturas, prisões e até execuções de seus filhos e companheiros, como
vimos recentemente em comunidades da Baixada Santista, Rio de Janeiro,
Salvador e de outras periferias do Brasil.
Todo esse cenário nos mostra que temos urgência de uma transformação
social profunda, que possa mudar essa realidade desde suas raízes - o
que governo nenhum é capaz de fazer. O trabalho é árduo, a curto, médio
e longo prazo, e passa pelo fortalecimento das mulheres organizadas e da
classe trabalhadora. É essa organização, construída desde baixo, pautada
pela independência de classe e combatividade, que dará uma resposta ao
quadro de retrocessos e fará avançarmos rumo a um outro mundo possível.
A classe trabalhadora precisa absorver, cada vez mais, as urgências de
vida das mulheres e construir estratégias para superá-las, pois são
demandas que estão no seio das lutas de classes e dependem delas. Dessa
forma, é um enfrentamento que deve ser construído desde as bases, nas
comunidades, nos sindicatos, nos locais de estudo, de modo coletivo.
MEMÓRIA, ORGANIZAÇÃO, LUTA E RESISTÊNCIA INTERNACIONALISTA!
Neste ano, completamos 40 anos do fim da Ditadura Militar no Brasil. E
lembramos das várias mulheres que foram torturadas e assassinadas pelos
militares. Sobretudo, trazemos a memória de suas resistências e lutas
para continuarmos a caminhada de combate aos gérmens do autoritarismo
que fundamentaram o estabelecimento dos militares no poder. E, se nossa
luta pela libertação dos povos e pela construção de um mundo novo é
internacional, ressaltamos, também, nosso dever de denunciar os crimes
do Estado de Israel contra o povo palestino, que já assassinou mais de 8
mil mulheres e 13 mil crianças palestinas; intensificar a luta contra o
genocídio palestino é dever de toda militância revolucionária.
Seguimos na construção das lutas das mulheres, por movimentos combativos
e populares, que fortaleçam a organização e a resistência desde baixo
contra os de cima!
Pela luta, resistência e vidas das mulheres!
Pela Revolução Social e o Socialismo Libertário!
Organização Socialista Libertária
8 de março de 2024
https://socialismolibertario.net/2024/03/08/8m-do-brasil-a-gaza-a-luta-e-resistencia-das-mulheres-e-internacional/
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