>Date: Thu, 30 Oct 1997 17:02:27 -0200
>To: a-infos@tao-ca
>From: Antonio Martins <abp@ax.apc.org>
>Subject: (po)BRASIL: O Real esta=B4 nu
>
><t=EDtulo>
>O REAL EST=C1 NU
>
><olho>
>A fuga de d=F3lares exp=F5e a fragilidade da pol=EDtica econ=F4mica,
>mas o governo escolhe um caminho que aprofunda a depend=EAncia
>............................................................
><assina>Antonio Martins, jornalista em S=E3o Paulo (abp@ax.apc.org)
>
><texto>
>No come=E7o da noite de ter=E7a-feira, o presidente do Banco Central,
>Gustavo Franco, convocou uma entrevista coletiva e contou uma hist=F3ria
>da carochinha que os jornais conseguiram sustentar at=E9 a manh=E3 de hoje.
>Com o ar de deboche que parece ser sua marca registrada, Franco
>assegurou que havia derrotado o ataque especulativo sofrido pelo real
>desde o in=EDcio da semana. =93No final, todos [os =91especuladores=92]=
perderam e
o BC ganhou. Podemos usar v=E1rios armamentos, leves ou pesados. Vamos
aguardar as novas emo=E7=F5es=94, disse em tom de desafio. Foi transformado =
em
her=F3i, por 24 horas.
>
>Mas a vida real =E9 diferente. S=F3 na manh=E3 de ante-ontem, uma corrida
>contra o real obrigou o governo a torrar cerca de 5 bilh=F5es de d=F3lares=
=96 o
mesmo que na semana mais aguda da crise mexicana, em 95. Embora os
>jornais n=E3o informem em que volume, o movimento prosseguiu ontem, e
>desmentiu a id=E9ia de que a economia nacional est=E1 a salvo de
>turbul=EAncias externas; as bolsas brasileiras est=E3o se alinhando
>desconfortavelmente entre as que sofrem as maiores perdas e fugas de
>investidores estrangeiros; e o mais grave =E9 que as decis=F5es adotadas
>pelo governo indicam n=E3o uma revis=E3o de rumos, mas um atrelamento ainda
>maior do pa=EDs =E0s turbul=EAncias externas.
>
><intert=EDtulo>
>.......................................................................
>Ningu=E9m garante, por enquanto, o rumo das bolsas internacionais.
>=C9 poss=EDvel uma fuga de dinheiro dos =93mercados emergentes=94 de risco
>.......................................................................
>
>Ningu=E9m mais se arrisca a prever que rumo tomar=E3o, no curto prazo, as
>bolsas internacionais. Mesmo que o presidente dos Estados Unidos tenha
>raz=E3o, ao dizer ontem que a economia de seu pa=EDs vive a fase =93mais
>vibrante, em uma gera=E7=E3o=94, isso n=E3o alivia o fato das cota=E7=F5es=
estarem
>claramente sobrevalorizadas. Em Wall Street s pre=E7os dos pap=E9is inchara=
m
quase 300% nos =FAltimos dez anos, uma alta que n=E3o tem qualquer
>correspond=EAncia nem na produ=E7=E3o de bens e servi=E7os reais, nem nos l=
ucros
das empresas. Por isso, uma queda brusca =E9 uma hip=F3tese que nenhum anali=
sta
s=E9rio dos mercados se atreve a descartar.
>
>O vendaval iniciado semana passada n=E3o indica, por enquanto, que esta
>possibilidade se realizou. A bolsa de Nova York fechou ontem no patamar
>dos 7.500 pontos -- o que ainda representa uma alta de 15% no ano, e de
>quase 60% em rela=E7=E3o ao in=EDcio de 96. Mas uma das apostas mais
>consistentes sobre o futuro imediato do mercado mundial de capitais
>prev=EA uma esp=E9cie de seletividade crescente. Depois de obterem ganhos
>formid=E1veis nos chamados =93mercados emergentes=94, os mega-investidores=
e
>os fundos de pens=E3o que movimentam montanhas de dinheiro pelo mundo
>deixariam os pa=EDses apontados como =93de risco=94, em busca de ref=FAgio=
nas
>economias mais seguras.
>
>Embora seja muito cedo para uma avalia=E7=E3o segura, os primeiros sinais
>indicam que, nessa corrida cruel, o Brasil n=E3o est=E1 entre os vencedores=