A - I n f o s
a multi-lingual news service by, for, and about anarchists **

News in all languages
Last 40 posts (Homepage) Last two weeks' posts

The last 100 posts, according to language
Castellano_ Català_ Deutsch_ Nederlands_ English_ Français_ Italiano_ Polski_ Português_ Russkyi_ Suomi_ Svenska_ Türkçe_ The.Supplement
First few lines of all posts of last 24 hours || of past 30 days | of 2002 | of 2003 | of 2004

Syndication Of A-Infos - including RDF | How to Syndicate A-Infos
Subscribe to the a-infos newsgroups
{Info on A-Infos}

(pt) VOCÊ É ANARQUISTA? (a resposta pode ser uma surpresa!)

From a-infos-pt@ainfos.ca
Date Mon, 12 Jul 2004 19:30:41 +0200 (CEST)


______________________________________________________
A - I N F O S S e r v i ç o de N o t í c i a s
Notícias sobre e de interesse para anarquistas
http://ainfos.ca/ http://ainfos.ca/index24.html
________________________________________________

Há toda a probabilidade de já ter ouvido algo sobre quem são os
anarquistas e naquilo em que supostamente acreditam. Há toda a
probabilidade de que quase tudo o que ouviu dizer sobre eles seja falso.
Muitas pessoas parece que pensam que os anarquistas são adeptos da
violência, do caos e da destruição, que se opõe a todas as formas de ordem
e de organização, que são niilistas fanáticos que querem rebentar com
tudo. Na realidade, nada poderia ser mais longe da verdade. Anarquistas,
são as pessoas que simplesmente pensam que os seres humanos podem
comportar-se de modo razoável sem terem de ser coagidos a isso. É uma
noção muito simples, realmente. Mas é aquela noção que os ricos e os
poderosos sempre acharam a mais perigosa.Na sua expressão mais simples, as crenças anarquistas giram em torno de
duas premissas. A primeira é que os seres humanos são, em circunstâncias
vulgares, tão razoáveis e decentes quanto lhes permitam ser, e portanto
que se podem auto-organizar e às suas comunidades sem necessitarem que lhe
indiquem como. A segunda é que o poder corrompe. Antes do mais, o
anarquismo é antes uma questão de ter a coragem de tomar os princípios
simples de decência comum pelos quais nos guiamos e de os seguir até às
suas conclusões lógicas. Por muito insólito que isto pareça, em muitos
aspectos importantes, você já é anarquista – apenas não se apercebe disso.Talvez ajude tomar alguns exemplos do dia a dia:
· Se há uma fila para apanhar um autocarro quase cheio, vai esperar pela
sua vez e refrear-se de passar à frente das outras pessoas, mesmo na
ausência de polícia?Se respondeu “sim”, então está habituado/a a agir como anarquista! O
princípio anarquista mais fundamental é “auto-organização”: o assumir-se
que os seres humanos não precisam ser ameaçados com sanções em ordem a
alcançarem um grau de compreensão recíproca de uns com os outros, ou de
tratar cada qual com dignidade e respeito.Qualquer pessoa pensa que é capaz de se conduzir de maneira razoável. Se
pensa que a lei e a polícia são necessárias, é apenas porque não acreditem
que outras pessoas o sejam. Mas se parar para reflectir, não terão elas o
direito de pensar exactamente o mesmo em relação a si? Os anarquistas
argumentam que quase todo o comportamento anti-social que nos faz pensar
que é necessária a existência de forces armadas, de polícia, de prisões e
de governos para controlar as nossas vidas, é de facto causado pelas
desigualdades sistemáticas e injustiça que tais forças armadas, polícia,
prisões e governos tornam possível. É tudo um círculo vicioso. Se as
pessoas estão acostumadas a serem tratadas como se as suas opiniões não
importam, é provável que se tornem agressivas e cínicas, mesmo violentas –
o que, claro, torna a tarefa fácil para os que estão no poder em dizer que
as suas opiniões não contam. Logo que se apercebem que as suas opiniões
realmente são importantes tal como as de qualquer outra pessoa, tendem a
tornar-se muitíssimo mais abertas. Para abreviar uma longa história: os
anarquistas acreditam que, em grande parte, é o próprio poder e as
consequências desse mesmo poder, que tornam as pessoas estúpidas e
irresponsáveis.· É membro de um clube desportivo ou equipa de desporto ou de qualquer
outra organização voluntária onde as decisões não sejam impostas por um
chefe mas tomadas na base do consenso geral?Se respondeu “sim”, então pertence a uma organização que trabalha de
acordo com os princípios anarquistas! Outro princípio básico é a
associação voluntária. Isto é apenas uma questão de aplicar os princípios
democráticos à vida de todos os dias. A única diferença é que os
anarquistas acreditam que deveria ser possível que existisse uma sociedade
em que cada coisa fosse organizada segundo esses princípios, todos os
grupos baseados no consentimento livre de seus membros, e portanto, todo
esse estilo de organização de-cima-para-baixo, militar como os exércitos,
ou as burocracias ou as grandes corporações, baseadas em cadeias de
comando, já não seriam necessárias. Talvez não acredite que tal seja
jamais possível. Talvez sim. Mas de cada vez que chega a um acordo por
consenso, em vez de ameaça, cada vez que faz uma combinação voluntária com
outra pessoa, chega a um reconhecimento recíproco ou alcança um
compromisso tendo na devida consideração a situação ou necessidades
particulares do outro, está sendo um/a anarquista, mesmo se não tem
consciência disso.O anarquismo é apenas o modo como as pessoas agem quando têm liberdade
para agir de acordo com a sua escolha e quando negoceiam com os outros que
são igualmente livres – e portanto, conscientes da responsabilidade face
aos outros que isso implica. Isto conduz a outro ponto crucial: enquanto
as pessoas podem ser razoáveis e terem consideração enquanto estão
intercambiando com iguais, a natureza humana é tal que não se pode
acreditar que o façam quando se lhes dá poder sobre os outros. Dê a alguém
tal poder, essa pessoa irá abusar dele de uma forma ou de outra.· Pensa que a maioria dos políticos são porcos egocêntricos, egoístas, que
não se importam realmente com o interesse público? Pensa que vivemos num
sistema económico que é estúpido e injusto?Se respondeu “sim”, então subscreve a crítica anarquista da sociedade
contemporânea – pelo menos nos seus aspectos mais gerais. Os/as
anarquistas pensam que o poder corrompe e que aqueles/as que passam a vida
inteira em busca de poder são as últimas pessoas a quem ele deveria ser
dado. Os/as anarquistas pensam que o nosso sistema económico actual tem
mais probabilidades de premiar as pessoas por comportamentos egoístas ou
sem escrúpulos do que as que são seres humanos decentes, preocupados com
os outros. A maioria das pessoas tem esses sentimentos. A única diferença
é que a maioria das pessoas não acredita que nada possa ser feito acerca
disso ou de que – e é nisto o que os fiéis servidores do poder costumam
insistir) – possa ser feito algo que não acabe por tornar as coisas ainda
piores.Mas…e se não fosse verdade?
Haverá realmente uma razão válida para acreditar nisso? Quando se pode
realmente testá-las, a maioria das previsões sobre o que aconteceria sem
estados ou capitalismo acaba por se mostrar realmente não fundamentada.Durante milhares de anos as pessoas viveram sem governos. Em muitas partes
do mundo há povos que vivem for a do controlo dos governos, mesmo nos dias
de hoje. Eles não se andam a matar reciprocamente. Apenas vivem as suas
vidas, como qualquer outra pessoa faria. Claro que numa sociedade
complexa, urbana, tecnológica há muito mais necessidade de organização:
mas a tecnologia pode também tornar esses problemas mais fáceis de
resolver. De facto, nem sequer começámos a pensar como seriam as nossas
vidas se a tecnologia fosse posta realmente ao serviço das necessidades
dos humanos. Quantas horas precisaríamos de trabalhar em ordem a manter a
sociedade funcional – ou seja, se nos víssemos livres das ocupações
inúteis ou destrutivas como o telemarketing, os advogados, os guardas
prisionais, os analistas financeiros, os peritos de relações humanas, os
burocratas e os políticos e redireccionar as nossas melhores cabeças
científicas dos sistemas de armamento espaciais ou do mercados de acções
para mecanizarem as tarefas maçadoras ou perigosas tais como mineração de
carvão ou limpeza da casa de banho, e distribuir o trabalho remanescente
por todas as pessoas igualmente? Quatro horas por dia? três ? duas?
Ninguém sabe porque ninguém está sequer a perguntar este tipo de pergunta.
Os/as anarquistas pensam que estas são exactamente o tipo de perguntas que
deveríamos começar a perguntar.· Acredita realmente nas coisas que diz aos seus filhos (ou que os seus
pais lhe contaram)?"Não importa quem começou." "Dois males não fazem um bem." "Limpa tu
mesmo/a o chiqueiro que fizeste" "Faz, pensando nos outros..." "Não sejas
mesquinho/a com as pessoas porque te parecem diferentes." Talvez
devêssemos decidir se estamos mentindo aos nossos filhos quando lhes
falamos do bem e do mal, ou se estamos realmente a tomar a sério as nossas
próprias sentenças. Porque se levar estes princípios morais às suas
conclusões lógicas, chega ao anarquismo.Tome o princípio de que dois males somados não produzem um bem. Se tomasse
isso realmente a sério, apenas isso bastaria para deitar por terra, quase
totalmente, a base de todo o sistema bélico e de justiça criminal. O mesmo
se passa com a partilha: estamos sempre a dizer às crianças que têm da
aprender a partilhar, a terem em conta as necessidades de uns e de outros,
a ajudarem-se mutuamente; depois, quando vamos para o mundo real assumimos
que cada um é naturalmente egoísta e competitivo. Um/a anarquista irá
chamar a atenção: de facto, o que dizemos aos nossos filhos está certo.
Muito do que foi alcançado na história da humanidade, cada descoberta ou
feito que melhorou a vida das pessoas, veio por cooperação e ajuda mútua;
mesmo agora, a maior parte de nós gasta mais com sua família e com os
amigos do que connosco próprios; embora, sem dúvida, irá sempre haver
pessoas competitivas neste mundo, não é uma razão para a sociedade
basear-se no encorajamento de tal comportamento e muito menos fazer as
pessoas competir para alcançar as necessidades básicas da vida. Uma
sociedade que apenas encoraja a competição, apenas serve os interesses dos
que estão no poder, que querem que vivamos com receio um do outro. Por
isso é que os/as anarquistas propõem uma sociedade baseada não só na
associação livre mas também na ajuda mútua.O facto é que a maior parte das crianças cresce acreditando numa moral
anarquista e gradualmente têm de aperceber-se que o mundo adulto não
funciona dessa maneira. Eis porque tantos adultos são rebeldes, alienados
ou até suicidas enquanto adolescentes, acabando por se resignarem e
azedarem quando adultos; a sua única compensação, frequentemente, é ter
capacidade para educar os seus próprios filhos e desejar que para estes o
mundo seja justo. Mas porque não começarmos por construir um mundo que
seja realmente baseado nos princípios da justiça? Não seria esse o melhor
presente que poderíamos dar aos nossos filhos?· Acredita que o ser humano é fundamentalmente corrupto e mau ou que
alguns tipos de pessoas (mulheres, pessoas de cor, povo comum que não é
nem rico nem tem estudos) são espécimes inferiores, destinados a serem
governados por alguém melhor que eles?Se a sua resposta é “sim”, então, bem, parece que não é anarquista ao fim
e ao cabo. Mas se respondeu “não”, então há probabilidades de que já
perfilhe 90% dos princípios anarquistas, e – esperamos - esteja a viver a
sua vida de acordo com eles. Sempre que tratar outro ser humano com
consideração e respeito está sendo anarquista. De cada vez que resolve as
suas divergências com outros através de um compromisso razoável, ouvindo o
que cada um tem para dizer em vez de deixar que alguém decida em nome das
restantes, está sendo anarquista. De cada vez que tem oportunidade de
forçar alguém a fazer algo, mas, em vez disso, decide apelar ao seu senso
de razão ou de justiça, está sendo anarquista. O mesmo se passa quando
partilha algo com um/a amigo/a, ou decide quem vai lavar a loiça, ou outra
coisa com um sentido de equidade.Claro, poderá objectar que tudo bem enquanto se trata de pequenos grupos
de pessoas que se relacionam mutuamente, mas para gerir uma cidade ou um
país, é um assunto totalmente diferente. E, claro, isto tem razão de ser.
Mesmo se descentralizar a sociedade e puser tanto poder quanto possível
nas mãos de pequenas comunidades, haverá – apesar de tudo- imensas coisas
que precisam de ser coordenadas, desde administrar caminhos de ferro até
decidir sobre que aspectos a investigação em medicina se deve debruçar.
Mas apenas porque algo é complicado não quer dizer que não haja maneira de
realizá-lo. Apenas quer dizer que será complicado. De facto, os/as
anarquistas têm muitas ideias sobre como é que uma sociedade saudável,
democrática deveria autogerir-se. Para as explicar é preciso de ir muito
para além deste pequeno texto introdutório; de qualquer forma, não há
nenhum/a anarquista que pretenda possuir o modelo perfeito. A verdade é
que nem conseguimos imaginar metade dos problemas que irão surgir quando
tentarmos criar uma sociedade democrática; mesmo assim, acreditamos que a
capacidade dos humanos está à altura de resolvê-los desde que a humanidade
se conserve dentro do espírito de nossos princípios básicos- tais
princípios são, ao fim e ao cabo, apenas os princípios de decência humana
fundamental.Nola Anarchy
Texto original: http://pt.indymedia.org




*******
****** Serviço de Notícias A-Infos *****
Notícias sobre e de interesse para anarquistas
******
INFO: http://ainfos.ca/org http://ainfos.ca/org/faq.html
AJUDA: a-infos-org@ainfos.ca
ASSINATURA: envie correio para lists@ainfos.ca com a frase no corpo
da mensagem "subscribe (ou unsubscribe) nome da lista seu@enderço".

Indicação completa de listas em:http://www.ainfos.ca/options.html


A-Infos Information Center