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Aos companheros
26/10/2004
Por aqui vamos ativos. Fundamos ("oficialmente"), no dia 18 de setembro
passado o nosso Centro de Cultura Social (CCS/RJ), sediado em uma grande
casa no bairro de Vila Isabel onde, desde 2001, já funcionava a Biblioteca
Social Fábio Luz, que atualmente é uma das instâncias públicas da FARJ e
que reúne o maior acervo anarquista (livros, periódicos, etc.) do Rio de
Janeiro, disponível ao público em geral. A BSFL funciona, por enquanto,
aos sábados.

Atualmente o Círculo de Estudos Libertários Ideal Peres (CELIP) está sem uma
sala para reuniões e resiste no pátio interno da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ) no Centro do Rio de Janeiro.Estamos mantendo contato com um sindicato onde há simpatizantes
libertários, que nos aventaram a possibilidade da cessão de uma sala para
as reuniões semanais do CELIP. Vamos esperar...

Nosso principal projeto, no entanto, é o da fabricação de bolinhos
(sabores laranja, chocolate, milho, baunilha, etc), com jovens estudantes
das comunidades carentes (favelas) do bairro. Foi um projeto herdado da
antiga fraternidade religiosa, cuja principal mudança foi que, atualmente,
são os próprios jovens que gerem a produção e a venda, repartindo entre si
o resultado apurado. Nós fornecemos apenas a infra-estrutura e algum amparo
econômico(local, equipamentos, luz, gás, bicicletas para venda, etc).
Quando da fundação do CCS, foram os próprios jovens que apresentaram ao
público presente o "projeto dos bolinhos", entusiasmados pela organização
horizontal e autogestionária.
Também há um projeto de aproveitamento de produtos recicláveis (por
enquanto garrafas Pet e embalagens Tetrapack) está sendo levado em frente
pelo companheiro "Berimbáu", que recentemente fez uma exposição dos
objetos até então produzidos. Também estão sendo aproveitados os materiais
provenientes da fabricação dos bolinhos (sacos de açucar e de farinha,
embalagens de margarina, etc.). Logo enviaremos a vocês fotografias do CCS
e de seus projetos.

Também cedemos espaço a um grupo chamado Luz do Sol, que dá aulas de
reforço escolar a crianças das favelas e do bairro, além de aulas de
teatro para jovens. Há também no CCS aulas de Yoga, um curso de mosaicos e
de Esperanto, tendo este último se iniciado sábado passado.

Nossa próxima meta é a abertura de um núcleo de advogados para apoio
jurídico a população das comunidades carentes do bairro, que sofrem
cotidianamente com a violência policial e a dos traficantes de drogas. O
núcleo de apoio jurídico levará o nome do anarquista Lima Barreto,
considerado um dos maiores escritores do país.

Nosso problema crônico, como tudo por aqui, é o dinheiro, que é arrecadado
da contribuição voluntária de militantes e de simpatizantes da FARJ, além
das vendas de nossa pequena livraria.

O "Libera" segue firme, mas atrasado alguns meses. Estaremos lançando esta
semana o #124, referente à mai-jun/04.

Ano passado, ajudamos a organizar na Universidade Federal Fluminense
(UFF), na cidade de Niterói (vizinha ao Rio) o I Simpósio de História do
Anarquismo, que foi um sucesso, com público diário de quase 300 pessoas.

Mês passado, tivemos um desafio maior, com a organziação junto ao Coletivo
Anarquista Terra Livre e da Editora Imaginário (do Plínio Coelho) do
"Colóquio Internacional Libertário - História do Movimento Operário
Revolucionário". Além dos convidados brasileiros, trouxemos quatro
companheiros de fora: Eduardo Colombo, Larry Portis, Daniel Colson e Frank
Mintz. O evento ocorreu em São Paulo e no Rio de Janeiro, e tudo deu certo
para o nosso alívio.

Na parte sindical, temos publicado um jornal sindicalista anarquista
chamado "A Ressurgência", com penetração entre os petroleiros.
Recentemente, saiu o quarto número do jornal, com tiragem de 5.000
exemplares. Já vai no seu quarto número.

Estamos organizando o Núcleo de Pesquisa Marques da Costa, ligado a
Biblioteca Fábio Luz e, consequentemente à FARJ, com o objetivo principal
de pesquisar o anarquismo no Rio de Janeiro, ajudar aqueles que querem
estudar o anarquismo, promover palestras, cursos de formação, além de
publicar uma revista semestral com os resultados de nossas pesquisas e
colaborações de companheiros. .

Bom essas são algumas das atividades da FARJ. Muito ainda temos que fazer,
mas acho que, em apenas 1 ano de existência, já conseguimos bastante
coisa.

Esse mês está completando 35 anos do fechamento do Centro de Estudos
Professor José Oiticica (CEPJO) pelos militares da
Aeronáutica. Conseqüencia do Golpe Militar de 1964, que completou esse ano
40 anos. Não poderíamos fazer melhor homenagem ao CEPJO (e a todos/as que
sofreram o processo, prisões e torturas) do que pela primeira vez em mais
de três décadas termos conseguido uma sede nossa, onde temos autonomia e
podemos desenvolver uma série de projetos, culturais, comunitários e
principalmente políticos.
Saudações
FARJ
Renato Ramos
Alexandre Samis
secretários de relações





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